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segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A origem da celebração do Natal, do Papai Noel e da Árvore de Natal

As festas de Natal
O dia 25 de dezembro, ou este período, que corresponde ao Solstício de Inverno no Hemisfério Norte e ao Solstício de Verão no Hemisfério Sul, já é celebrado a milhares de anos por inúmeras culturas. Falaremos aqui mais especificamente das festividades de inverno, pois nesse período, a luz do sol aumenta e os dias passam a ser mais longos. Nossos ancestrais caçadores passavam a maior parte do tempo ao ar livre. Assim, as estações e o clima eram tão importantes em suas vidas a ponto de o sol ser um deus. Por exemplo, os povos nórdicos viam o sol como a roda que mudava as estações. Os romanos também tinham suas festas para marcar o solstício de inverno: a partir de 17 de dezembro, a Saturnália (dedicada ao deus Saturno) que durava sete dias, era uma época em que as regras da vida cotidiana foram derrubadas. O homem se vestia de mulher e o patrão se fazia passar por criado. O festival também incluía desfiles, decoração das casas, iluminação de velas e entrega de presentes. Além da Saturnália, os romanos tinham outra celebração importante: o "Nascimento do Sol Invicto ou Invencível" (Natalis Solis Invicti) era celebrado todo dia 25 de dezembro, segundo várias fontes da época romana. Outro exemplo: no festival germânico de Yule, que marca o solstício de inverno e o nascimento do Deus Sol, tinha-se banquetes e festas, e os druidas realizavam um festival de solstício com duração de dois dias em que velas eram acesas e decorava-se as casas com azevinho e visco.
Os evangelhos não mencionam a data do nascimento de Jesus. Foi só no século 4 que o Papa Júlio 1º estabeleceu o dia 25 de dezembro como o dia de Natal. Era uma tentativa de cristianizar as celebrações pagãs que já eram realizadas nessa época do ano. No ano de 449, o Papa Leão 1º fixou a data para a comemoração do nascimento de Jesus como uma das principais festas da Igreja Católica e, finalmente, o Imperador Justiniano em 529 a declarou feriado oficial do império. Até o século 19, a data não era uma celebração familiar, era comum as pessoas beberem e saírem comemorando pelas ruas. A festa costumava ser com tantos excessos que de meados do século 17 até o início do século 18, os puritanos cristãos proibiram as festas natalinas na Europa e no continente americano. O Parlamento britânico proibiu o Natal em 1644, restaurando-o apenas em 1660. Em Boston, também proibiram a festa entre 1659 e 1681.

A Árvore de Natal
O costume de enfeitar árvores é mais antigo que o próprio Natal. Já antes de Cristo praticamente todas as culturas e religiões pagãs usavam enfeites em árvores para celebrarem a fertilidade da natureza. Por ocasião do solstício de inverno, os povos germânicos colocavam galhos de pinheiro nas suas casas e aldeias com o objetivo de protegê-las contra os maus espíritos no inverno, na Província de Bohuslän, na costa oeste da Suécia, e na província vizinha de Østfold, na Noruega foram encontradas gravuras rupestres que retratam árvores sempre-verdes. Arqueólogos dizem que muitas dessas gravuras encontradas nas rochas foram feitas por volta de 1800 até 500 AEC. Os romanos, na Saturnália, enfeitavam as árvores em honra de Saturno, que era o seu deus da agricultura. No Egito era costume, no solstício de Inverno, trazerem ramos verdes para dentro das casas, como forma de celebrar a vitória da vida sobre a morte.
Existem muitas histórias de início desta prática ligada ao Natal no final do século 15 e pelo século 16, principalmente na Alemanha. Ao longo dos séculos 17 e 18 o hábito de enfeitar árvores vai se espalhando de cidade para cidade. Em 1774 Goethe, por exemplo, menciona a Árvore de Natal em um de seus livros. Os enfeites mudaram muito ao decorrer do tempo, de frutas e nozes, aos atuais milhares de tipos de enfeites e luzes, passando pelas clássicas bolas de vidro, que remontam ao século 19. Se há alguma dúvida sobre o ano e local exato do seu surgimento, o que podemos constatar é que a tradição da árvore de Natal tem origem e se disseminou pelo mundo com o povo alemão, mas foi só durante o século 19 que a árvore de Natal se difundiu pelo resto do mundo, muito graças à contribuição da monarquia britânica. O príncipe Albert, o marido de origem alemã da rainha Vitória, montou uma Árvore de Natal no palácio real britânico. Nos países católicos a Árvore de Natal teve sua adesão mais demorada, por se tratar de um costume pagão, só vindo a ser mais popular no século 20 e somente na metade do século 20 a igreja Católica começa a permiti-la nas igrejas.

O Papai Noel
Uma das figuras mais populares do Natal moderno é o Papai Noel, o velhinho de barriga redonda e barba branca, que conduz um trenó puxado por renas, para entregar presentes a crianças boazinhas no mundo todo. Algumas tradições ao redor do Papai Noel também precedem o cristianismo. Seu trenó, puxado por renas, vem da mitologia escandinava. A prática de deixar tortas (ou biscoitos) e leite ou conhaque para o Papai Noel pode ser remanescente de sacrifícios pagãos que marcavam a chegada da primavera.
A origem do Papai Noel é bem controversa e tem muitas reviravoltas, idas e vindas, umas mais antigas outras bem novas, algumas lendas, algumas tradições antigas entre outras coisas.
Na Europa antiga existiam muitas tradições na época de inverno, com intenção de amenizar o frio e a falta de comida, é neste contexto que surge a lenda do “Velho Inverno”, um senhor que batia na casa das pessoas pedindo por comida e bebida. Segundo o mito, quem o atendesse com generosidade desfrutaria de um inverno mais ameno. A associação entre o Velho Inverno e São Nicolau apareceu muitas décadas depois. São Nicolau era um bispo que tinha o hábito de ajudar as pessoas pobres. Uma das histórias conta que o bispo colocava um saco com moedas próximo à chaminé da casa de quem seria beneficiado. Outra das histórias conta que costumava entregar anonimamente sacos de ouro para um homem que não tinha dinheiro para pagar o dote de casamento de sua filha. Ele viveu entre os séculos 3 e 4 na região da Ásia Menor, atual Turquia. Devido à sua generosidade e aos milagres atribuídos a ele, foi canonizado pela Igreja Católica. Uma coisa interessante a se dizer é que antes do século 19, o bom velhinho era descrito como montando um cavalo, e não em um trenó. Isso, entre outras coisas, o relaciona com Odin, também conhecido como Wotan, que era o principal deus dos germânicos e era representado como idoso, grisalho e barbudo. As tradições germânicas colocam Odin como o responsável por entregar presentes para as pessoas durante o Yule, eles acreditavam que Odin deslocava-se em um cavalo de oito patas, chamado Sleipnir que era capaz de correr em qualquer superfície e mesmo entre os mundos da cosmologia nórdica. Falando mais sobre as semelhanças entre Odin e Papai Noel, fica claro que Odin está muito presente nas festividades pagãs de dezembro, pois a palavra “Yule” tem origem em “Jól” (palavra do Nórdico Antigo) e a palavra “Jólnir” (que é um dos muitos nomes de Odin) significa “Mestre do Yule” ou “o pai Yule”. Segundo a lenda atual, Papai Noel vive no polo norte, e a Escandinávia fica bem ao norte, com boa parte dentro do círculo polar, e era um local onde Odin era cultuado.
O Papai Noel começou a tomar a forma atual em meados do século 19 que era retratado de variadas formas e a partir daí começou a ser o velhinho com barriga protuberante e sua grande barba branca, apesar de algumas destas características serem mais antigas, mas suas vestes eram das mais variadas cores, verde, azul, vermelha, marrom etc. Mas a partir da década de 1930 após uma campanha da Coca-Cola ele passou a ser representado sempre de vermelho.
Referências
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BBC NEWS BRASIL. A história e as curiosidades do Natal, desde evangelhos e tradições pagãs até o Papai Noel. BBC News Brasil, 24 dezembro 2017. Disponivel em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42404714>. Acesso em: 19 dezembro 2022.
BBC NEWS BRASIL. O que era a Saturnália, rito romano pagão ao qual se atribui a verdadeira origem da celebração do Natal. O que era a Saturnália, rito romano pagão ao qual se atribui a verdadeira origem da celebração do Natal, 25 dezembro 2021. Disponivel em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-59791561>. Acesso em: 19 dezembro 2022.
BLAKEMORE, E. Como o Natal evoluiu ao longo dos séculos. National Geographic Brasil, 24 dezembro 2021. Disponivel em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/cultura/2021/12/como-o-natal-evoluiu-ao-longo-dos-seculos>. Acesso em: 19 dezembro 2022.
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